JB Xavier

Uma viagem ao mundo mágico das artes!  A journey into the magical world of  the arts!

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SOBRE PUBLICAR UM LIVRO

Está em curso no Brasil o desenvolvimento de um mercado editorial diferenciado: Autores de um livro só que querem ver seu livro impresso, não necessariamente publicado.

Como era de se esperar, um sem-número de “editoras” nascem todos os dias, de olho neste mercado, que segundo um desses “editores” com quem conversei há alguns dias, gira em torno de 60% do universo total de escritores. Segundo ele, apenas 10 a 15% desse universo tem reais aspirações de se tornarem profissionais das letras. Os restantes 25 a 30% seriam compostos pelas publicações técnicas e títulos didáticos.

Não tenho habilitação para confirmar esses números, mas intuitiva e empiricamente, tendo a concordar com eles.

Quando se fala no mercado editorial brasileiro, costuma-se citar alguns dados, sem muita preocupação com sua veracidade. O número de livrarias do país é um deles.

Com freqüência se diz que a Argentina tem mais livrarias que o Brasil. Balela! Somente as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro têm, juntas, mais de 2000 livrarias!

Segundo o site da Associação Nacional de Livrarias, ANL, “o segmento livreiro cresceu, em média 10,46%, em 2008 comparativamente a 2007 e ficou dentro da média projetada para o ano.”

E a tendência é crescer ainda mais. Segundo o mesmo site, “a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados indicou o deputado federal Marcelo Almeida (PMDB-PR) para ser o relator do projeto de lei de autoria do deputado federal Antônio Palocci (PT-SP) que pretende estender a desoneração fiscal aos micros e pequenos editores e livreiros, medida que já beneficia as demais empresas do setor desde 2004. Marcelo, que mantém um ativo clube de leitura em Curitiba, onde mora, é o criador e principal líder da Frente de Defesa da Leitura do Congresso. A matéria já foi aprovada na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. Se passar pela CFT (o que é bastante provável), o próximo passo é ser submetida à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara.

O projeto [ ...] quer fazer com que os optantes do Simples também deixem de recolher PIS e Cofins sobre a venda de livros.”

E o otimismo não pára por aí. Segundo a ANL, “O aquecimento do setor livreiro, que apresentou um crescimento de 10,46%, em 2008 comparativamente a 2007, deve-se principalmente ao aumento do poder aquisitivo do brasileiro – que se refletiu em todos os demais segmentos de cultura e consumo em geral – e as diversas campanhas e políticas de difusão do livro no país, muitas delas por iniciativas governamentais, que estimularam a leitura, principalmente, a infanto-juvenil, segmento que mais cresceu no setor, segundo os participantes do levantamento. Não podemos deixar de destacar, ainda, a desoneração do PIS/Confins que ajudou a manter preço médio dos livros abaixo da inflação, exceto o livro didático com políticas diferenciadas”, complementa Vitor.

Sobre o faturamento esperado para o ano de 2008, média por livraria, o estudo apresenta os resultados por faixas de faturamento que variam de R$ 400 mil e R$ 3 milhões e acima de. As pequenas livrarias, que apresentaram um faturamento entre R$ 400 mil e R$ 600 mil, são 37% da amostragem; já as médias — que faturaram R$ 600 mil e R$ 1,5 milhão — representaram 45% da amostragem. As grandes redes, a partir de R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões e a cima de, foram 18%.

Para 2009 a expectativa média, apontada pelos entrevistados foi de 11,89%, comparativamente a 2008, mas a ANL acredita que essa estimativa será inferior a de 2008, como reflexo da crise mundial, que ainda não havia sido detectada a época do Levantamento.”

Num país de escassa cultura como o Brasil, o governo faz de conta que investe em educação, os educadores fazem de conta que educam e as leis beneficiam e mesmo promovem a incompetência. Basta ver que o início do ano letivo de 2009 do sistema estadual de ensino público de São Paulo – o Estado mais adiantado e rico da União – atrasou graças a uma liminar judicial que obrigou o governo estadual a contratar os candidatos a professores, que após uma avaliação de rotina, receberam a nota zero. Sim, eu disse ZERO! E pior, para não atrasar ainda mais o início das aulas, eles foram admitidos! E estão dando aulas às nossas crianças! Se no Estado mais adiantado do Brasil isso acontece, o que não dizer dos demais?

Por coisas assim, era de se esperar que acontecesse algo semelhante ao fenômeno descrito no primeiro parágrafo deste artigo: A exploração do mercado formado pelos autores dispostos a custearem seus próprios livros, pagando para isso às “editoras” que, nem de longe estão interessadas em discutir o teor literário dos mesmos.

Na verdade a maioria delas não passa de “editoradoras” que sequer lêem a obra que estão editorando. O que importa é atender ao maior número possível desses autores ocasionais que sonham em ter uma lombada com seu nome na estante de sua casa – e nas casas de parentes e amigos – ainda que ninguém leia os textos que elas cobrem.

Edições de “books on demand” ou livros por demanda, que é um artifício possibilitado pelo desenvolvimento da informática na área editorial proliferam, bem como as pequenas tiragens – entre 50 e 500 livros - bancados pelo autor

Poderá dizer você que me lê neste momento: “Ok! E o que há de errado nisso?”

Nada, eu responderia, até porque acho que do ponto de vista desses autores ocasionais publicar seu livro é um direito tão inalienável quando o meu, de escrever este artigo. Mas a verdade é que esses livros têm pouco a acrescentar à verdadeira literatura – cuja função é produzir arte, na mais completa acepção que esta palavra implique. Neste sentido, então sim, sem dúvida, o cenário seria diferente se essas editoras se preocupassem em dar sua parcela na construção da literatura-arte. Ou, pelo menos, que não se entitulassem “editoras”, pois assim, pelo menos não fariam os verdadeiros autores perderem seu tempo lhes enviando originais que nunca sequer serão lidos. Bastaria que se chamassem, como sempre se chamaram as empresas que prestam esse serviço: “gráficas”.

Mas a maioria esmagadora dessas “editoras” mal têm dinheiro para o aluguel de uma sala, quanto mais para a montagem de um parque gráfico!

Já visitei algumas dessas “editoras” – dez, para ser mais exato. O maior calote que levei delas veio recentemente quando conversei com um desses “editores”, que por telefone, me vendeu a idéia de ser uma empresa de porte e respeitável. Ao ver que eu tinha cinco títulos escritos, o sujeito se empolgou, e me convenceu, porque também me empolguei com a empolgação dele, a marcamos um encontro em sua sede. Isto numa cidade do Sul do Brasil, distante mais de 1000 km de São Paulo. Tomei um avião e fui até lá, a um custo de aproximadamente R$1000,00.

Obviamente eu pensava que o tal sujeito estava vendo no fato de eu ter vários livros escritos, uma possibilidade boa de estar diante de um autor que seria pelo menos perene e regular em seus escritos, pois se publicássemos um título por ano, e obtivéssemos sucesso comercial, teríamos material para publicar por cinco anos. Qual nada! O sujeito estava empolgado apenas por ter encontrado alguém que queria imprimir cinco livros!

Percebi que algo estava errado quando ele me recebeu em sua casa – uma casa modesta aliás – e que desconversou quando manifestei o desejo de conhecer seu escritório. Acabamos por finalizar nossa conversa num restaurante de um shopping! Ou seja, o sujeito sequer tinha local para receber!

Ao perceber finalmente o cérebro de cabeça de alfinete do tal “editor” e considerar que tinha gasto um dia inteiro do meu tempo – sou empresário da área metalúrgica – e principalmente rasgado literalmente mil reais, minha irritação me levou a dar início a este artigo.

Ou seja, uma pessoa enxerga esse mercado de autores de um livro só, pega um telefone e começa a divulgar na internet que é uma editora. Nada errado quanto a isso, difícil é aceitar que esse infeliz não se interessa minimamente por literatura e que – ao contrário – verdadeiros autores, de fato os atrapalham com conversas sobre consistência, ritmo da narrativa, sustentabilidade do enredo, distribuição etc.

Fica claro que essas “editoras” não apenas não valorizam a verdadeira literatura, elas a evitam! Este é o aspecto mais pernicioso desta questão: Autores talentosos são engolidos nessa enxurrada de livros de baixa qualidade e, em função da quantidade de originais para análise nas editoras, acabam por desaparecerem neste universo de mediocridades. E se você observar melhor, o mesmo se dá no universo da música e em várias outras artes.

Então você, leitor, poderia dizer. “Bom, amigo, então mande seus originais apenas para editoras consagradas. Pronto! Problema resolvido!.

Se essa é sua opinião, amigo leitor, então leia o que diz o blog Livros e Afins, de Alessandro Martins, sobre a saga de publicar um livro:

“O mercado editorial é um dos mais difíceis. O Paulo Polzonoff Jr. recentemente manteve uma editora e, diante da lógica que impera nesse meio, preferiu largar os betes.
Paulo Polzonoff Jr. dirige hoje o site Polzonoff Comunicação,
Ele conta a sua experiência em um texto que serve de retrato do modo como funciona a venda de livros atualmente. Destaco alguns pontos:

CONSIGNAÇÃO
Exceto as grandes editoras, as demais precisam trabalhar em consignação. Isto é, a livraria faz o “favor” de expor um livro.

PORCENTAGENS
O autor, que teve o trabalho de escrever o livro, leva 10% sobre o preço final.

O editor, que tem o trabalho de editar o livro, o que pressupõe uma série de tarefas, como arranjar capista, revisor e diagramador, além de cuidar da parte gráfica propriamente dita ganha menos de 10% sobre o preço final.
A livraria, que fez o “favor” de expor o livro leva 40%.

Portanto, o livro vendido por R$ 20, dá à a livraria por R$ 12, 60% de seu valor final ou 40% de lucro. Risco zero para a livraria

Se o livro não vender ela também não tem prejuízo algum. É um negócio de risco mínimo. Pagamentos

Não bastasse isso, os pagamentos são efetuados em um prazo de 60 dias.

EDITORAS GRANDES
As grandes editoras não trabalham com consignação. Vendem seus livros para as livrarias. Logo não precisam se preocupar tanto com a venda ao consumidor. Passam a responsabilidade para a livraria, por um percentual maior, que gira entre 50% e 60%.

Aquele mesmo livro que custará ao leitor R$ 20 sai para a livraria por R$ 10 ou R$ 8.

A livraria tem todo o interesse do mundo em vender o livro caso contrário levará prejuízo. Livros que aparecem nas vitrines nunca estão ali em consignação.

JOGO DE EMPURRA
As grandes editoras vendem pacotes. Para adquirir o lançamento de um escritor que vende bem, a livraria precisa levar escritores tão medíocres quanto, mas que não vendem tão bem. Esses outros, por piores que sejam, também vão para uma posição de destaque, pois a livraria não pode levar prejuízo.

MENDIGOS
Editora pequena é tratada como mendigo. A livraria age como se estivesse fazendo o favor de vender o livro, como se ela não tivesse retorno algum com aquilo."

Como se isso tudo não bastasse, há ainda outras maneiras de tirar dinheiro desse mercado de autores de um livro só. Trata-se de uma nova modalidade de profissionais que, passando-se por agentes literários, pretendem no máximo arrebanhar incautos para os cursos que aos poucos se populariza no Brasil, e que se propõe a ensinar um escritor a publicar seu livro. Como não poderia deixar de ser, junto com esses pseudo agentes, vêm os cursos e os inevitáveis livros sobre o assunto.

Ora, quem sabe faz, quem não sabe ensina!

O que resta então a um autor que acredita na própria literatura? Montar uma rede de aliados que o faça chegar até às grandes editoras de maneira diferenciada.

Eu acho que isso é fácil de fazer, mas se alguém descobrir como se faz, por favor me informe.


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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 05/03/2009
Alterado em 16/01/2011


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