JB Xavier

Uma viagem ao mundo mágico das artes!  A journey into the magical world of  the arts!

Textos


Capítulo 89 do livro Não Haverá Amanhã.
Nota:
A história se passa em 1689
Francisco Dias Velho é o fundador de Florianópolis
Ilha dos Patos é a atual Ilha de Santa Catarina.


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89


As selvas da Ilha dos Patos, tão belas, antes alegres em sua beleza luxuriante, suas flores alegres e a placidez de seus rios hoje choram a tragédia que se abateu sobre elas e estremecem sob os gritos desesperados que ainda ecoam por suas silenciosas trilhas.”

Anton Hartwood de Canterville
“Crônicas de Uma Viagem Insólita” – cap. 14 – pág. 118

 
Mar do Caribe, l688

     Quando o Christine havia se aproximado o bastante para ser possível distinguir a espessa folhagem das encostas e os imensos rochedos da Ilha dos Esqueletos, que desciam verticalmente até o mar, o Capitão Killer voltou a ordenar:
     — Velas grandes a meio pano! Capar joanetes!
     O navio diminuiu a marcha.
     — O vento está muito forte! Não vamos conseguir! - disse Anton, preocupado.
     O Capitão Killer permaneceu calado. Sabia que era um daqueles dias difíceis de entrar na laguna. Um dia como aquele exigia procedimentos especiais. Ele esperou, pacientemente, que o navio se aproximasse das afiadas lâminas dos recifes.
     As rochas eram visíveis apenas como grandes manchas escuras, pouco abaixo da superfície da água, e desfilavam graciosamente, enganando, com sua beleza, o perigo que representavam.
     O navio avançava rapidamente, levado pelas correntes que se formavam nos profundos canais existentes entre essas rochas submersas. Somente quem tivesse conhecimento preciso da localização delas poderia guiar o navio por aquele labirinto invisível.
Todos a bordo tinham a respiração presa e olhavam assustados para os rochedos, que quase tocavam o casco do Christine. O único que parecia tranquilo era o Capitão Killer, que ia à proa, orientando o contramestre, que repassava seus comandos ao piloto.
     Finalmente o administrador não suportou o nervosismo daquela travessia, porque tinha certeza de que, se uma só daquelas rochas tocasse no navio, rasgaria seu costado e colocá-lo-ia a pique.
     Sem conseguir se conter, ele gritou ao capitão:
     — Pelo sangue de Cristo! Iremos a pique, Jack! Que estás fazendo, homem?!
     A voz de trovão do Capitão Killer encobriu a do administrador, sem lhe dar atenção.
     — Dez graus a estibordo! Manter o curso! Cevadeiras e traquetes a todo pano! Atenção, ó da gávea, qual a situação?
     No mais alto do mastro real, no cesto da gávea, um marujo tentava enxergar os recifes tão longe quanto possível, porque o capitão dependia disso para manobrar a embarcação. Ele colocou a mão espalmada sobre os olhos, mas seu grito morreu na garganta ao ver a gigantesca arrebentação na entrada da barra.
     — Ó da gávea, qual a situação na barra, maldito idiota?
O administrador olhou para Anton, certamente esperando que ele, diante das blasfêmias, fosse fazer uma repreensão ao capitão, mas Anton permaneceu calado. Ele sabia do real perigo que corriam e não pretendia tirar a concentração do barqueiro em sua tarefa de levar o navio até a laguna. Ainda estava viva em sua memória o que havia acontecido com o Christine, em Teneriffe.
Com o grito do Capitão Killer, o vigia da gávea pareceu sair de seu assombro.  
     — Recifes a bombordo! O mar está bravio na barra! Não vamos conseguir passar, senhor!
     — Mezena a meio mastro! - gritou o capitão, enquanto olhava pelo óculo de alcance.
Serpenteando entre os perigosos recifes, o Christine mostrava obediência total aos comandos.
     — É um ótimo barco, senhor Anton! - gritou o capitão à distância - Um ótimo barco mesmo!
Anton cochichou no ouvido do administrador:
     — Jack é um exímio navegador, senhor Wilbert. Parece que estamos em boas mãos.
O administrador olhou incrédulo para Anton, com o canto dos olhos.
     — Vinte graus a bombordo! - tornou a gritar o capitão - Manter o curso! Andem logo com isso!
     O navio inclinou-se à esquerda, enquanto a madeira rangia, submetida a grandes pressões. Um vagalhão pegou-o pela proa e explodiu, num turbilhão de espumas, que se elevou a grande altitude.
 Seguiram-se momentos de grande apreensão. Por entre a violenta arrebentação, o navio aproximou-se ainda mais das rochas submersas e ganhou velocidade num dos corredores líquidos que refluíam quando as ondas afastavam-se.
Eles já podiam ver, ao longe, a tranquila laguna com suas águas profundamente azuis.
     O próximo canal que eles teriam que atravessar seria o último. Nada mais os separava da tranquilidade da laguna.
Então, o homem da gávea gritou:
— Vagalhão à frente, senhor! Vem por estibordo!
     Uma onda arrebentou num grande recife e voltou ondulante, marulhando e espatifando-se contra o costado do navio.
A onda percorreu todo o costado de estibordo e saiu pela popa, num grande espumaredo, aparentemente sem causar danos. Mas o que somente o Capitão Killer percebeu é que aquela onda havia alterado a rota do Christine, retirando o navio do centro do canal, uma situação muito séria, semelhante à que já lhe acontecera quando ele destruiu um navio, ao tentar entrar pela primeira vez na laguna.
      O administrador, Anton de Canterville e todos os que se encontravam no castelo de popa pensaram que o perigo havia passado; mas, em seguida, viram quando, por trás daquela onda, o mar cresceu assustadoramente. E uma imensa parede de água ergueu-se à sua frente, vindo em direção à proa do navio.
Anton olhou para o capitão. Ele parecia pequenino e impotente diante do monstruoso vagalhão que avançava para o navio.
     — Todo o leme a estibordo! - gritou ele - Todo o leme a estibordo!
O navio adernou, fazendo com que o administrador perdesse o equilíbrio. Anton ainda tentou segurá-lo, mas ele bateu contra a mureta à sua frente e, rolando sobre ela, caiu em direção ao convés.
Anton sabia que cair daquela altura seria fatal para o gordo senhor Wilbert, mas não teve tempo de pensar mais nele, porque o vagalhão começou a erguer a proa do navio, parecendo mesmo que iria emborcá-lo.
Atento à onda que se aproximava, Anton não percebeu que o administrador havia enroscado as pernas na corda da âncora e balançava aos gritos e em pânico, de cabeça para baixo, como um gigantesco pêndulo.
Anton segurou-se como pôde à gaiúta, enquanto ouvia a voz de Jack gritar entre o espumaredo que explodiu sobre o convés.
— Todo o leme a estibordo! Todo o leme a estibordo! Vão todos para bombordo, rápido! Armar bujarrona! Temos que desviar a proa do recife.
O navio escalou a enorme vaga, como uma folha seca numa enxurrada; e, após atingir o cume, imobilizou-se por alguns instantes e iniciou a descida vertiginosa, em linha reta, em direção aos recifes, nos quais, certamente, seria feito em pedaços.
     Anton compreendeu o que se passava, mas estava imobilizado, segurando firmemente a argola de ferro da gaiúta. Se a soltasse, seria atirado ao mar imediatamente.  
     Olhando para baixo, ele viu o administrador sendo atirado de um lado a outro do convés, atado pela perna, a gritar desesperadamente, enquanto o navio embicava para o fundo do oceano.
     Ao ver o medo estampado nos olhos dos marinheiros, o Capitão Killer tomou nas próprias mãos o cabo da Bujarrona e puxou-o com todas as suas forças, equilibrando-se, milagrosamente, sobre o convés adernado.  
— Satanás não há de me levar ainda! - gritou ele – Puxem comigo, seus idiotas, ou iremos todos morrer!
Anton compreendeu, instantaneamente, que o pirata não conseguiria içar a vela sozinho e constatou que nenhum dos marujos conseguiria chegar até ele, em tempo de evitar que o navio se espatifasse contra o rochedo.
     Sacudidos pelos gritos do pirata, alguns dos marujos pareceram acordar do terror e tentaram alcançar a ponta da corda, que pendia do gurupês. Mas o navio, embicado para baixo, não oferecia nenhum apoio, e todos eles deslizaram para a morte, desaparecendo no espumaredo que fluía da proa da embarcação.
Anton viu quando a ponta da corda chicoteou doidamente, passando bem próximo dele. Instintivamente, ele agarrou-a com uma das mãos, no exato instante em que o Capitão Killer perdia também o equilíbrio e deslizava pelo convés, adernado em direção ao mar, gritando e tentando ainda içar a vela salvadora.
     Anton passou rapidamente a corda pela argola em que estava se segurando e decidiu por um último e arriscado movimento. Segurando firmemente a corda, ele soltou-se da argola, escorregando pelo convés, até ficar bem próximo do administrador.
     Em seu desespero, o administrador agarrou-se às pernas de Anton, e o peso extra fez a corda esticar completamente, içando a bujarrona enquanto  detinha a queda do Capitão Killer, já próximo à amurada.
     O grande triângulo da vela enfunou-se com o vento forte que soprava de boreste, e o navio gemeu em suas juntas e foi, violentamente, empurrado para o lado.
     A velocidade aumentava à media que o navio descia pela gigantesca vaga, mas o vento, empurrando a bujarrona, aproou-o de viés ao abismo que acompanhava a crista da onda.  
     O vagalhão passou pelo Christine de proa a popa, varrendo do convés homens e equipamentos.
     Então, sem a sustentação do oceano, o navio voou e, por um momento, viajou no ar como uma gigantesca gaivota, caindo mais adiante, inteiro sobre o mar, num baque ensurdecedor e medonho, no qual desapareceu completamente num turbilhão de espuma. Depois, balançou sobre a quilha e equilibrou-se, até estabilizar-se completamente, já nas águas calmas da laguna.
Sobre o convés restaram apenas o Capitão Killer, segurando ainda firmemente a corda da vela, o administrador e Anton, que se mantivera agarrado a ela.  
     Então, ouviu-se uma insana gargalhada. O Capitão Killer festejava outra vitória sobre o mar.     
— Estamos em águas tranquilas, senhor! - disse ele, aproximando-se de Anton.


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Capítulo 25 do livro Não Haverá Amanhã.

Nota:
A história se passa em 1689
Francisco Dias Velho é o fundador de Florianópolis

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25


“Não há realização sem ousadia.
Não há ousadia sem realização.”
Ministro John De Osborn – Memórias.
Museu Canterville  



São Vicente, Brasil, l688

     Depois de ter aguardado três semanas pela chegada do Procurador à vila, finalmente Dias Velho reuniu-se com ele.
     Diogo Aires de Aguirra era um homem refinado e gentil, embora implacável. Ao ver Dias Velho ser introduzido em seu gabinete, ele levantou-se de sua mesa de trabalho e foi recebê-lo à porta, com um sorriso.
     — Senhor Francisco Dias Velho, que grande honra vos receber! Vossas terras ao sul já foram elevadas à categoria de Vila?  brincou ele.
     Dias Velho percebeu, instantaneamente, a ironia da pergunta.
     — Um dia, senhor, aquela ilha abrigará uma linda cidade.
     — Absolutamente; não duvido de mais nada vindo de vós. Como duvidar de um homem que empenha tudo o que já conquistou na vida para realizar um sonho?  
     — Isso não é um sonho. É uma certeza!
     — Cuidado com as certezas; elas geralmente conduzem a erros. Sentai-vos, por favor.
     — Se vós, com vossa pouca idade, já aprendestes isso – respondeu Dias Velho, sentando-se - o que se dirá de mim, que já vasculhei as selvas de Piratininga em busca de esmeraldas e prata, sem nunca as ter encontrado, a despeito de toda a certeza que eu tinha de que o faria?
     — Sois um homem curioso, senhor Francisco Dias Velho, um homem persistente, um Capitão do Mato, porém com refinamento de cortesão. Um sonhador que realiza. E, ainda mais importante, sois um realizador que ainda sonha! Eis porque o Governador Geral pediu-me que entrasse em contato convosco.
     Dias Velho endireitou-se na cadeira. De fato, ele não tinha a menor ideia do motivo pelo qual o Procurador mandara chamá-lo. Do fundo do coração, torcia para que fosse para lhe dar notícias acerca de investimentos que a Coroa pretendesse fazer em sua povoação.
     Desde que fora morar na Ilha dos Patos – que a metrópole chamava de Ilha de Santa Catarina  -  ele insistia com todos os homens que tinham alguma influência sobre o governador a respeito da importância estratégica de um entreposto comercial na ilha. Seu sonho definitivo era ver construído, lá, um estaleiro.
     Entretanto, por mais otimista que fosse, ele sabia que o governador nunca demonstrara interesse na região. Sabia também que, se Portugal não a ocupasse, os espanhóis subiriam cada vez mais em direção ao Norte como, aliás, já vinham fazendo a partir da região do Prata.
     Sua experiência com a diplomacia da corte era suficiente para perceber que Diogo de Aguirra estava sondando-o para conhecer melhor suas convicções acerca de sua aventura na remota ilha. Por isso, escolheu cuidadosamente as palavras.
— Vede estas mãos, senhor De Aguirra. Não são mãos de um cortesão. São grossas, feias e marcadas por cicatrizes e nódoas. Entretanto, como vós bem o dissestes, elas são finas o suficiente para acalentar meu sonho. Fi-las fortes, porque meu sonho exige força, mas as mantive tenras, porque ele também exige carinho. Infeliz do homem que não acariciar seu sonho.  
     O sorriso fugiu do rosto do procurador, e suas feições tornaram-se sérias. Dias Velho percebeu que não dissera exatamente o que ele desejava ouvir, e sua experiência já o ensinara que dizer o que o outro quer escutar é a principal qualidade de um diplomata. Aprendera com a vida que, às vezes, é preciso concordar para comandar.
     O empenho na luta contra a selva, entretanto, havia diminuído um pouco sua diplomacia, e a lembrança de sua convivência entre os índios, puros e belos em sua aceitação da própria existência e o modo de se relacionarem entre si, fizeram-no reavaliar muitos de seus conceitos básicos de vida. A diplomacia era um deles.
     — Pareceis pouco empenhado em conhecer o que tenho a vos dizer. – disse Diogo de Aguirra.
     A promessa dos Canterville de recompensá-lo pela devolução de uma pequena peça de mármore trazia a segurança de que necessitava para encarar o procurador de igual para igual.
     — Somente por rever os amigos e por poder conversar convosco já terá valido a pena minha vinda a São Vicente, senhor.
     — O Governador precisa de vós, senhor Dias Velho.
     — Eu também preciso muito dele.
     — Em que ele vos pode ajudar?
     — Construindo um entreposto comercial em minha ilha, antes que os espanhóis o façam!
     — Os espanhóis estão restritos a oeste da Linha de Tordesilhas.      
     — Bem sabeis que essa linha há muito não é mais respeitada.
     — O Governador precisa de um novo juiz em São Paulo de Piratininga, e incumbiu-me da tarefa de vos dar as boas-novas. Ele deseja que o senhor assuma o cargo.    
     — Eu já exerci essa função.
     — É precisamente por essa razão que ele deseja que retorneis ao cargo.
     Dias Velho levantou-se e foi até a janela, de onde ficou a observar a movimentação dos navios na entrada do canal. Diogo de Aguirra permaneceu sentado, aguardando uma resposta.
     Enquanto olhava para o mar, Dias Velho pôs-se a considerar sobre os estranhos caminhos que Deus escolhe para testar a fé dos homens.
     Na mesma ocasião em que lhe oferecia a oportunidade de conseguir o dinheiro que sempre desejara para realizar seu sonho, ele oferecia, em contrapartida, a chance de abandonar o sonho em troca de segurança.
     Entretanto, em toda a sua vida de aventuras, Dias Velho nunca se apegara à palavra “segurança”. Eis porque não compreendia completamente o sentido dela.
     Olhando para os navios chegando e partindo, ele ficou a pensar no que seria do mundo se não existissem homens dispostos a se lançarem ao mar, apesar de todo o risco desta disposição.
     Entretanto, temperado pelas muitas aventuras que já vivera – até como bandeirante – Dias Velho considerava os riscos como parte do viver e, assim como sabia que os navios não foram feitos para permanecerem no porto, sabia também que sonhos não existiam para se desistir deles; existiam para serem realizados.
     Lembrou, então, de sua família e das dificuldades às quais ela estava submetida naqueles confins do Sul. Um cargo de magistrado possibilitaria que a trouxesse de volta a São Vicente e aos confortos que ela bem merecia.
     Diogo de Aguirra pareceu ler seus pensamentos.
     — Vossa família merece algo melhor do que sofrer as agruras que a falta de recursos daqueles confins impõe. – disse ele, aproximando-se de Dias Velho.
     Um profundo silêncio pairou entre os dois homens, por alguns instantes. Dias Velho, então, apontou para os navios.
     — Senhor de Aguirra, não vos sintais insultado pelo que vou perguntar. Qual é vosso sonho na vida?
     Outra vez o silêncio pairou no ar, como uma faca de gume afiado.
     — Nunca pensei muito a respeito disso. Na verdade, já consegui muito mais do que aspirei em meus tempos de juventude.
     — Desculpai-me novamente, senhor, mas conseguistes muito mais em relação a quê?
     — Ora, senhor Dias Velho! Este cargo que ocupo é, por exemplo, muito mais do que sonhei!
     — Então, vos considerais um homem que realizou seu sonho?
     — Completamente.
     — E sois feliz por isso?
     O procurador repetiu, sorrindo:
     — Completamente!
     — Pois, então, senhor Procurador, vós que já sentistes o gosto bom da realização de um sonho, deixai-me, por meu turno, realizar o meu. Não me privai disto! Vós estais a trabalhar pela Coroa. Eu estou a construir uma cidade!
     — Vosso sonho é grande demais, senhor Dias Velho. É preciso que sonhemos com algo que possa ser realizado para que não nos sintamos tentados a abandonar o sonho.
     Dias Velho apanhou seu chapéu no cabide e dirigiu-se à porta, seguido pelo procurador, e durante um forte aperto de mão, disse:
     — Dizei ao Governador que, mui respeitosamente, declino de seu convite. Eu não seria mais um bom juiz. Não saberia distinguir o certo do errado, tendo dentro de mim uma derrota advinda precisamente dessa dúvida.
     — Será dito, senhor Dias Velho. Será dito.
     Dias Velho assentou com cuidado o chapéu e completou:
     — Diga-lhe também que não há sonhos grandes demais, senhor. O que define o tamanho de um sonho é a disposição para realizá-lo. Tende um bom dia!

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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 03/10/2011
Alterado em 20/10/2011


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