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E LINCOLN TINHA RAZÃOOs Mandamentos do Progresso
Abraham Lincoln
1 - Não criarás a prosperidade se não estimulares a poupança.
2 - Não fortalecerá os fracos se enfraqueceres os fortes.
3 - Não ajudará os assalariados se arruinares aquele que os pagam.
4 - Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes.
5 - Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.
6 - Não poderá criar estabilidade permanente baseado em dinheiro emprestado.
7 - Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganha.
8 - Não fortalecerás a dignidade humana se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade.
9 - Não poderás ajudar aos homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.
ESTADOS UNIDOS – UMA CRISE ANUNCIADA HÁ 170 ANOS
Causa-me estranheza a surpresa que invadiu o mundo sobre a crise financeira que se abate sobre os Estados Unidos.
Um dos ícones incontestes de sua história foi certamente Abraham Lincoln.
Presidente do país durante a mais séria crise que já se abateu sobre os Estados Unidos da América - a Guerra da Secessão – que por um triz não dividiu seu território em duas outras nações, este homem notável soube manter firme o ânimo de seus comandados, atuando sobre princípios basilares de conduta e ética.
Parte do que ele aprendeu em sua experiência no comando daquela crise, ficou registrado nos ensinamentos acima.
Assim, os americanos acabaram por construir a mais poderosa nação do mundo, baseados principalmente no 8º “mandamento”, que os levou, por conta da busca canina por liberdade, ao 1º “mandamento”, e baseados neste, lançaram as bases da prosperidade americana.
Enquanto seguiram esses mandamentos, os americanos progrediram ao ponto de sustentar praticamente sozinhos uma guerra mundial, que nos livrou do tacão de Hitler. Gostemos ou não, devemos a eles e à Inglaterra, a liberdade do planeta.
Mas, como disse Marx: "O capital tem tanto horror à ausência de lucro ou de um lucro muito pequeno quanto à natureza tem horror ao vácuo. Com um lucro apropriado, o capital é despertado; com 10% de lucro, ele pode ser usado em qualquer lugar; com 20%, torna-se vivaz; com 50%, fica positivamente ousado; com 100%, ele esmagará com os pés todas as leis humanas; e com 300%, não existe crime que ele não se disponha a cometer, ainda que se arrisque a ir para a cadeia".
Mas, como sempre, freqüentemente mal interpretado e muito pouco lido, Marx é relegado às conversas sobre comunismo e totalitarismo, quando na verdade foi um filósofo que se dispôs a explicar o mundo capitalista, alertando para seus males e benefícios.
No caso americano, eles criaram o décimo “mandamento” que Lincoln deixou de escrever. Na verdade Wall Street o escreveu: “A primeira geração constrói; a segunda consolida; a terceira destrói”.
E foi precisamente o que aconteceu. Enquanto duraram os efeitos da ataraxia, colocados em prática pelos americanos que construíram os pilares do país, a nação do Tio Sam progrediu sem paralelos.
A confiança na liberdade – o grito de guerra da Revolução Francesa de 1789, mas pouco praticado pelos franceses – foi levado às últimas conseqüências pelos americanos e a cultura da poupança acumulou riquezas sem precedentes na história humana.
Porém, riqueza traz poder. Poder traz mais riqueza, e mais riqueza traz ainda mais poder. E assim, à medida que a sociedade americana aumentava sua riqueza, algumas das diferenças sociais – que foram toleradas no processo de construção do país – começaram a ficar mais evidentes e aos poucos começaram a atrasar, por assim dizer, o progresso econômico. Era a violação do 4º “mandamento” de Lincoln.
Até este ponto da história americana, os 2º, 3º e 5º “mandamentos” eram levados a sério, e esta compreensão de que ricos e pobres eram as duas faces da mesma moeda, não levou, como na maioria das demais nações do globo, às lutas armadas e revoluções radicalmente violentas para chegar a novas realidades sociais. Ao contrário, o respeito ao 8º “mandamento” era tão forte que a evolução social americana se deu sob o império da lei.
Conquistas importantes como o sindicalismo, reduções de jornadas de trabalho, o fim do trabalho escravo, a liberdade feminina, eram assuntos discutidos por intelectuais que se debruçavam sobre esses e outros temas polêmicos e suas idéias vingavam graças à sagrada liberdade de expressão que existia em todo o país.
Mas, apesar desses progressos, havia pelo menos uma exceção, para confirmar a regra: o ódio de classes que paulatinamente foi crescendo advindo da distância sempre maior entre ricos e pobres – estes, predominantemente negros.
Assim, a mesma sociedade progressista e defensora da liberdade, criou também a Ku Klux Kan, num retorno à idade das trevas medieval.
Esses retrocessos sociais seriam comuns em países incultos do terceiro mundo, mas numa sociedade que pretendia ser modelo, eram, no mínimo, evidências de metástases do câncer do racismo, adquirido nos tempos de sua formação.
É senso comum, que, se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente. Assim, a queda da União Soviética e de toda a sua ideologia, que entronizou os Estados Unidos da América como a única superpotência do globo, ao invés de ter servido como ponto de reflexão aos americanos sobre o que fazer com tamanho poder, levou-os a contrariar o 9º “mandamento” de Lincoln.
Isto porque a partir da constatação de estar com o poder absoluto nas mãos, a sociedade americana passou a se comportar de maneira hedonística, e a partir daí, a acreditar que era possível manter de pé uma economia que violasse o 6º “mandamento”.
E assim, a sociedade americana tornou real a assertiva de Marx sobre o lucro, citada acima.
Lentamente o 1º “mandamento” foi sendo esquecido pelos banqueiros - que este mesmo “mandamento” criou - e créditos foram sendo concedidos a pagantes duvidosos, que aceitavam pagar apenas os juros do que tomaram emprestados. É incrível, mas as maiores mentes financeiras do planeta, em Wall Street, passaram a acreditar que poderiam “rolar” essa situação indefinidamente.
O lucro advindo da rolagem de créditos podres alavancou o poder já absoluto dos americanos e os levou a cometerem alguns dos mais desastrosos e inaceitáveis enganos de sua história, como a invasão e permanência nos países invadidos.
Ora! Nem Roma, em seus mais áureos tempos de poder absoluto, quando dominava toda a orla do Mediterrâneo, fazia isso! Eles procuravam respeitar as culturas locais dos povos invadidos e apenas supervisionavam sua atividade. Mesmo assim, não há nenhum povo ao redor do Mediterrâneo, à exceção da Espanha e França, que tenham absorvido sua cultura lingüística, por exemplo.
Igualmente os árabes na Espanha eram uma espinha atravessada na garganta dos ibéricos, que os expulsaram após quase um milênio de ocupação!
Então, a violação do 4º mandamento se estendeu para além de suas fronteiras, motivada pela prepotência advinda da pseudo tranqüilidade que o conforto financeiro imediato e irreal trouxe.
Hoje, para se ter idéia, a dívida externa dos Estados Unidos da América cresce a impensáveis um bilhão de dólares ao dia! (fonte: Der Spiegel)
Com isto, estava violado o 7º “mandamento” de Abraham Lincoln, que é valido tanto para uma só pessoa, quanto para um povo ou uma nação:
“Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganha.”
Que isto nos sirva de lição!
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