AGONIA
J.B.Xavier

Em cada fim de tarde, estás presente,
Em cada aurora, em cada anoitecer,
Em cada silêncio, cada algazarra,
Cada plano, cada dizer ausente,
Cada intenção por acontecer,
Cada desilusão, cada canto de cigarra...

Em cada meta está o teu semblante,
Em cada ruído de cada ruidoso dia,
Em cada silêncio, cada suspiro .
Cada eternidade, cada instante,
Cada respiração, cada agonia,
Cada vácuo do abismo em que me atiro...

Em cada vereda, sigo tuas pegadas,
Em cada caminho por onde me leva a vida,
Em cada passo, por onde passo, sozinho,
Em cada uma das poesias apaixonadas,
Em cada carícia gentilmente agradecida,
Em cada degustar do rubi de cada vinho...

Em cada entoar de meu piano, te sinto!
Em cada aproximar da insone madrugada.
Em cada vazio no leito, onde batia teu coração,
Em cada verdade que me digo e que desminto,
Em cada silêncio da alma despedaçada
Estás presente, nesta grande solidão...

* * *

AGONY
J.B.Xavier

On each sunset you are present,
at every dawn, every evening,
in every silence, every noise,
each plan, each absence
every hope,
each disappointment, every song of the grig ...

In each goal is thy countenance,
in each loud of each noisy day,
in every silence, every sigh.
each eternity, every moment
every breath, every agony
each vacuum of the abyss into which I throw ...

In each path, I follow your footsteps,
in every way that life leads me
at each step, where I walk alone,
in each of the poems of love,
in each gently caress grateful
in each taste of each wine ruby ...

In each chant of my piano, I feel you!
in each approach the sleepless night.
In each empty bed, where your heart beat,
in every true that I say and deny it,
in each shattered silence of my soul
you are for ever in this great solitude ...
  

* * *