CEGONHA ELETRÔNICA
CEGONHA ELETRÔNICA
Desisti. Finalmente desisti e decidi chamar um técnico em computadores. A instalação daquele periférico tinha realmente exposto meus limites – bastante modestos, aliás – na área da informática. Mas era sábado! Onde encontrar um técnico que aceitasse vir á minha casa?
Após muito tentar, e muitas recusas, liguei para o celular de um amigo que conhecia o assunto. Ele atendeu, dizendo que estava num parque, com seu filho. Insisti e ele finalmente aceitou, com a condição de que pudesse trazer também a criança, pois assim poderia vir do parque diretamente para minha casa.
Não vi problema algum e meia hora depois ele estava concentrado, desfazendo as besteiras que fiz com meu micro,e tentando instalar o periférico. Digo tentando, porque o pirralho não lhe dava sossego, atucanando-o a todo momento com perguntas cretinas do tipo. “Pai, o que é isso?” Pai, para que serve essa peça?”
Eu já estava quase perdendo a paciência com o pentelho, quando ele fez a pergunta que entornou o copo de seu pai: “Pai, como foi que eu nasci?”
Meu amigo parou de teclar, suspirou fundo,e pondo uma das mãos no ombro do moleque, disse, de maneira irretocável, mostrando que além de bamba em informática, era também bom em psicologia infantil:
Filhão, sei que um dia eu teria que te explicar isso. Este não é o melhor lugar, mas veja se entende. Foi assim: eu e sua mãe nos conhecemos em um chat da net O papai marcou uma interface com a mamãe num cybercafé e acabamos plugados no banheiro. A seguir, ela fez uns downloads no meu joystick e, quando estava tudo pronto para a transferência de arquivo, descobrimos que não havia qualquer tipo de firewall conosco. Como era tarde demais para dar o esc, acabei fazendo o upload de qualquer jeito e, nove meses depois, um novo vírus foi criado, tá ligado?
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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 05/08/2006