JB Xavier

Uma viagem ao mundo mágico das artes!  A journey into the magical world of  the arts!

Textos

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UM FILHO RAPAGÃO A DORMIR
Artur da Távola

Lembro-me de repente de um instante no passado: um de meus filhos, então rapaz, a dormir no sofá da sala, o livro caído a seu lado. Em um filho jovem, mesmo um latagão, a dormir, aflora a criança desvalida e fraca. Some a expressão dos olhos, os significados da voz de machinho, descansam os músculos faciais que definem os traços representativos dos disfarces e defesas que inventamos para sobreviver.
Um rosto de jovem, deitado e de olhos fechados, faz cessar por instantes as intensidades e discordâncias daquele novo ser pulsátil, cheio de idéias, atitudes, pontos de vista, competições, raiva, até, da dependência de tantos anos aos pais. Há um breve retorno à desproteção da infância, que renova no pai uma forma poética e emocionada de apego aos filhos.
Raras vezes nos é permitido reter a infância dos filhos, esvaída na ânsia de descobertas e justas independências, quando eles "ajovecem". Ao contemplá-los assim, fortes mas vulneráveis, dentro de nós latejam misteriosas intensidades. Somos pedaços de complexidade ganindo ânsias de harmonia e integração. Dentro de nós lavra um afã constante, preparação do vir-a-ser. É a evolução, inevitável. Somos um esforço sem trégua para alcançar um "adiante" que engendrará novas disposições de avanço na direção do não se sabe. Somos pedaços de cansaço feliz por buscar o que, alcançado, transforma-se em plataforma de novos embarques. Somos um lindo e conturbado espetáculo de luta e jardim. Somos a natureza no esforço de existir e propagar a espécie. Somos a expressão dolorosa da ânsia de existir. Assim somos. A/penas. E vemo-nos como tal no filho rapagão a dormir.
Por isso, quando de olhos abertos, falando, pregando, querendo, clamando, postulando ou dizendo, somos um cansaço em andamento; somos o nosso doloroso miolo, busca constante de transcendência, transparência e harmonia, ideais da divindade que mora em nós, incompleta, sempre em andamento, em busca da transformação, como o universo.
Mas ver o filho a dormir ali, jovem, descuidado, grandalhão, é encontrar a criança que nele mora. E é ser pai de novo. Por certo quem me lê já viveu essa emocionada alegria antecipatória de saudades que se aproximam.

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A LAD SON SLEEPING
Arthur da Távola

Suddenly I remember a moment in the past: one of my children, then boy, sleeping on the sofa, the book lying next to him. In a young child sleeping, even a big boy, emerges the child helpless and weak. Disappear the expression of the eyes, the meaning of the voice of brave little boys, lie the facial muscles that define the traits representative of disguises and defenses we invent to survive.

A young man's face, lying with eyes closed, stop for instants the intensities and disagreements from that pulsating being, full of ideas, attitudes, views, competitions, anger, even so many years of dependence on parents. There is a brief return to childhood deprotection renewing in father a poetic and emotional attachment to their children.

Rarely are we allowed to retain the childhood of ours children, faded in his enthusiasm for discovery and independence just when they slowly begin to become a man.
contemplating them so, vulnerable but strong, within us throbbing mysterious intensities.

We are pieces of complexities barking anguish of harmony and integration. Within us it tills a constant effort, preparation of coming-to-be. It's evolution, inevitable. We are a relentless effort to achieve a "forward" that will engender new provisions to advance toward to unknown.

We are pieces of fatigue, happy for seek which, if reached, becomes a platform for new arrives. We are a beautiful and troubled struggle of fight and garden.

We're the nature of the effort to exist and propagate our species. We are the painful expression of the desire to exist. So are we. That’s all. And we see ourselves as such in lad son sleeping.

So, when his eyes are opened, or speaking, preaching, wanting, crying, arguing, or saying we are an ongoing fatigue, we are our painful core, a constant search for transcendence, openness and harmony, ideals of divinity that dwells in us, incomplete, always in progress, in pursuit of the transformation, like the universe.

But seeing the lad son to sleep there, young, reckless, big guy, is to find the child that lives in it. And be a father again. For sure my readers have lived this emotional joy of anticipatory nostalgia coming.

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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 08/08/2010
Alterado em 17/02/2011


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