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_____________________________________________ CONSTRUINDO A EDUCAÇÃO JB Xavier
Sempre considerei ingênua, e até certo ponto estúpida, a visão reducionista do 3º mundo, que insiste em vestir nos países desenvolvidos – ou impérios, como costumam ser taxados - com um enorme chapéu pontudo, de burro, ao mesmo tempo em que seus pensadores terceiro-mundistas se arvoram em senhores da verdade e emitem opiniões estereotipadas a respeito do colossal poder dos países do chamado Primeiro Mundo.
Apesar de criticar esses países adiantados, é para lá que rumam a maioria dos terceiro-mundistas em suas férias, quer sejam eles ideólogos, formadores de opinião, ou mesmo o cidadão comum. É que esses críticos de meia tigela, por não terem – e não buscarem – o desenvolvimento em seus próprios países, por gostarem da concentração de renda que lhes dá um lugar privilegiado na sociedade à qual pertencem, viajam os países desenvolvidos para “comprar”, em suas viagens, o desenvolvimento que eles levaram séculos para conquistar, às vezes, à custa de muito sangue.
Há exceções. Há os que vão a Bangladesh, mas você conhece alguém que já esteve lá em férias? Então, esses críticos dos países desenvolvidos, mas que passam férias em Paris, deveriam saber, se fossem observadores mais atentos, que a matéria prima comum a todo país desenvolvido, é Educação! E isto não é possível trazer na mala. Basta ver a lata de refrigerante sendo jogada pela janela do carro de luxo, nas ruas das grandes cidades brasileiras. É essa pobreza de visão histórica, essa lente invertida pela qual os países desenvolvidos são analisadas, que mantém o planeta dividido socialmente de maneira tão injusta.
A educação dos países desenvolvidos é fruto de um longo, penoso, doloroso e muitas vezes sofrido processo histórico. Não se compra educação com status social. Educação também não é sinônimo de intelectualidade e na maioria das vezes é o contrário dela. Educação é um estado de espírito, onde cada um vive, atua, age e interage em função da comunidade à qual pertence. Educação é ser parte de uma corrente social sem tentar ser seu elo mais forte, ao contrário, é tentar ser apenas um dos elos, nem mais, nem menos forte que os demais, a Educação nos torna conscientes de que correntes sempre se quebram em seu elo mais fraco. Educação é um processo histórico que só se desenvolve se houver terreno adubado para tal. Então, entender esse processo é parte importante para promover a educação no 3º mundo, para não ter que tentar comprá-la nas viagens de férias ou nos produtos importados. Nas encruzilhadas da história, por ocasião do nascimento ou morte de impérios, gigantescos mecanismos são postos em funcionamento. Esses mecanismos, geralmente globais, possuem uma dimensão e marcha tais, que podem ser vislumbrados apenas pelos poucos que se dispõe a abandonar ideologias, ressentimentos, e emoções várias, e que têm o poder e a vontade de afastar-se suficientemente do cenário, até uma distância em que possam observá-lo como um todo, e a todas as suas partes em interação. Somente assim, a uma distância que nos assegure um ângulo de visão suficientemente amplo, é possível observar o desenrolar das volutas da raça humana interagindo, e dos complexos processos que utiliza para essa interação - consciente e inconscientemente. Sempre que ouvirmos opiniões restritas às mazelas que este ou aquele país desenvolvido causa a este ou aquele país, estaremos diante de visões e análises fragmentadas, muitas vezes equivocadas e quase sempre encharcadas pelos nacionalismos exacerbados, que, ainda que louváveis do ponto de vista do patriotismo, são meros estertores que nada acrescentam à compreensão do processo histórico como um todo. No cenário universal, o fluir dos séculos viu o alvorecer e o ocaso de muitos impérios, cada qual construído de maneiras diferentes, e com motivações também diferentes. Cada um deles deixou sua marca indelével no mundo, e, direta ou indiretamente, somos os herdeiros dessas motivações. Cada um deles deixou sua marca no cenário universal, e de cada um deles, a História extraiu lições que redirecionaram o mundo em direção ao progresso material e intelectual. Foi assim com império dos Césares, de Gengis Khan, de Alexandre da Macedônia, da dinastia Ming, dos Maias, dos Astecas, dos fenícios, e, modernamente, dos austríacos, dos ingleses e dos americanos. Algumas invenções extraordinárias levaram ao surgimento de alguns desses impérios, como a agricultura, por exemplo; outras foram criadas por eles, como alguns conceitos intangíveis, no terreno do pensamento e da tecnologia. Modernamente, Descartes e Einsten são os melhores exemplos do segundo caso. O primeiro, com sua visão bipartida do Ser, e o segundo, com a criação do controle da energia nuclear. Mas, milhares de anos antes deles, os gregos já haviam estabelecido as bases do pensamento ocidental, e os chineses, as do pensamento oriental. Essas duas vertentes do pensamento humano eram de tal forma diferentes entre si - e ainda o são - que permaneceram separadas geograficamente por milhares de anos, vindo a serem apresentadas uma à outra somente com o advento das viagens de Marco Polo, e ainda assim, de maneira incipiente. Para um observador atento, que esteja observando o cenário como de maneira panorâmica, ficam claros os padrões de movimentos das sociedades humanas, e sua aceleração através dos séculos. Pensamentos e filosofias tornaram-se cada vez mais voláteis, atendendo cada vez menos às necessidades humanas de estabilidade. Grandes linhas temporais do pensamento humano, há milênios estabelecidas, como a noção de Tempo, por exemplo, foram aos poucos - e depois cada vez mais rapidamente - se modificando, ao ponto de já não servirem mais como referência dessa estabilidade. (Sobre a busca da estabilidade, ver artigo"Em Busca da Permanência" ) E assim, chegamos ao século XX - um divisor de águas na história da presença humana no planeta. Neste século, finalmente, o homem conseguiu a arma definitiva, com a qual sonharam os primeiros guerreiros que usaram espadas e arco e flecha. Pela primeira vez na história, a aniquilação humana em larga escala - e mesmo global - era uma realidade. Este fator de poder, redirecionou e acelerou a marcha dos mecanismos humanos interativos. Então, novos discursos tiveram que ser criados e novas filosofias precisaram ser formuladas. Mas outro fator, até então desconhecido do homem, veio somar-se à este poder aniquilador das armas atômicas: a superpopulação do planeta.
(Sobre super população, ver artigo "O 3º Milênio - O que nos espera." Tal como os primeiros usuários das armas de fogo, alguns países que conseguiram desenvolver essas armas assumiram a hegemonia no tabuleiro do xadrez humano. Essa hegemonia não se atém apenas aos aspectos militares, mas também aos culturais, e muitas engrenagens novas, até então desconhecidas, vieram somar-se ao mecanismo da interação humana, tornando-o ainda mais complexo. Pode-se visualizar essas novas engrenagens nos novos artifícios de que lançam mão as nações com poder suficiente para impô-los aos demais, sejam eles, militares ou econômicos. Mas, outro fator, que escapa ao controle das grandes nações, veio trazer certo equilíbrio à balança do poder mundial: A democratização da informação, possibilitada pela internet a custo praticamente zero! Esse fator atua como areia nas delicadas engrenagens do equilíbrio mundial, faz todo o mecanismo ranger, e ameaça desagregá-lo, levando-o perigosamente próximo de uma quebra iminente. O que estamos assistindo em câmera acelerada, é o desenrolar em décadas, de processos históricos que normalmente levavam séculos para se completar. Entretanto, a humanidade ainda busca maneiras de se adequar a essa velocidade, e, enquanto busca, o sistema acelera cada vez mais, fazendo todo o conjunto vibrar violentamente. Enquanto vibra, vão se criando atritos, mas também vão nascendo e se acomodando no cadinho da História, as novas bases das relações humanas sobre as quais viverão nossos descendentes.
Se soubermos construir essas relações, estaremos construindo os pilares d educação que nos livrará do feio rótulo de “3º Mundo”.
* * * BUILDING THE EDUCATIONAL PROCESS J.B Xavier I have always considered naive, and somewhat stupid, the reductionist view of the 3rd world, which insists on dressing developed countries - or empires, as they call it - with a huge pointy hat, from donkey, at the same time that its third-world thinkers are flying into the masters of truth and emit stereotypical views about the colossal power of the so-called First World countries.
Despite to criticizing these advanced countries, the majority of Third World critics flocks there on vacation, no matter if they are ideologues, public opinion formers , or even ordinary citizens. It is because this stupid critics has not development in their own countries, they travel to the developed countries to "buy" in his travels the development that these centuries conquered, sometimes at the expense of much blood.
There are exceptions. There are those who go to Bangladesh, but do you know someone who has been there on vacation? So, these critics of the developed countries, but that spending their holidays in Paris, should know if they were more attentive observers, that the raw material common to all developed country, is Education! And it is not possible to bring Education in the mail. Just see the empty package can being thrown through the window of the luxury car in the streets of large cities of our country. It is this poverty of historical vision, this reversed lens by which developed countries are analyzed, which keeps the planet divided socially so unjust.
The education in developed countries is the result of a long, arduous, and often painful historical process. You can not buy education with social status. Education is not synonymous with intellectualism and most often it is the opposite. Education is a state of mind where one lives, works, acts and interacts as a function of the community it belongs. Education is to be part of a social chain without trying to be its strongest link, in contrast, is trying to be just one link, no more, no less strong than the others, Education makes us aware that chains always break in its weakest link. Education is a historical process that only develops itself if there is fertilized ground for this. So, understanding this process is an important part to promote education in the 3rd world, so, it is not necessary to try to buy it on vacation trips or imported products. History teaches us, upon the birth or death of empires, that huge engines are started. These mechanisms, often global, have a such size and rhythmr, which can be glimpsed only by the few who are willing to abandon ideology, resentment, and various emotions, and who have the power and willingness to depart sufficiently from the scene, until a distance in which to be possible to observe it as a whole and all its parts interact. Only then, at a distance sufficiently wide angle of view, it is possible to observe the conduct of spirals of the human race interacting, and the complex processes it uses for this interaction - consciously and unconsciously. Whenever we hear opinions about to one or other develop country that rule to this or that country, we are faced with fragmented views and analyzes, often misguided and soaked by excessive nationalism, that even laudable from the standpoint of patriotism, are mere rales that add nothing to understanding the historical process as a whole. In the universal scenario, the flow of centuries saw the dawn and twilight of many empires, each built in different ways and with different motivations as well. Each of them have left their indelible mark in the world, and directly or indirectly, we are the heirs of those motivations. Each of them left his mark on the universal scene, and from each of them, the History drew lessons that redirected the world toward the material and intellectual progress. So it was with the empire of the Caesars, Genghis Khan, Alexander of Macedon, Ming dynasty, the Mayans, the Aztecs, the Phoenicians, and, lately, the Austrians, the British and the Americans. Some extraordinary inventions led to the emergence of some of these empires, such as agriculture, for example, others were created by them, as some intangible concepts in the field of thought and technology. Nowadays, Descartes and Einstein are the best examples of the second case. Descartes, with his bipartite vision of human being, and Einstein, with his formula that make possible the control of nuclear energy. Therefore, thousands of years before them, the Greeks had already established the foundations of Western thought, and the Chinese, the Eastern one. These two origins of human thought were so different - and still are - that have remained geographically separated by thousands of years, coming to be presented to one another only with the advent of the travels of Marco Polo, and still yet, incipient. To a careful observer, who is observing the scene with a panoramic vision, it is very clear the patterns of movements of human societies, and its acceleration through the centuries. Thoughts and philosophies have become increasingly volatile, having less and less human needs for stability. Great timeline of human thought for millennia established, as the notion of Time, for example, were gradually - and then more rapidly - changing, to the point that no longer serve as a reference in this more stability. (On the quest for stability, see our article authored "In Search of Permanence") http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=1960&cat=Artigos And so we reach the twentieth century - a watershed in the history of human presence on the planet. In this century, finally, the man got the ultimate weapon, with which he dreamed that the first warriors that used swords, bows and arrows. For the first time in history, large-scale human annihilation - and even global - was a reality. This power factor, refocused and accelerated the march of human interactive mechanisms. So, new speeches had to be created and new philosophies needed to be formulated. But another factor, hitherto unknown to man, came to add to this annihilating power of atomic weapons: the overpopulation of the planet. (About overpopulation, see our article authored "The 3rd Millennium: What awaits us) http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=2292&cat=Artigos As the first users of firearms, some countries that managed to develop such weapons took over the hegemony in the human chess board. This hegemony does not hold only military aspects but also the cultural, and many new gears, hitherto unknown, were added to the mechanism of human interaction, making it even more complex. You can view these new gears in the new devices that resort to the nations with sufficient power to impose them on others, whether they are military or economic. But another factor, which escapes the control of great nations, has brought some equilibrium to the balance of world power: The democratization of information, enabled by the Internet at almost no cost! This factor acts like sand in the gears of the delicate global balance; it makes the mechanism grinding and threatens to broken it, bringing it dangerously close to an imminent failure. What we're watching, in fast-motion, is the progress in just a few decades, of the historical process that usually took centuries to complete itself. However, humanity is still seeking ways to adapt itself to this speed, and while searching, the system accelerates more and more, making the whole machine vibrate violently. While vibrate, it is create friction, but also are growing and settling in the crucible of history, the new foundations of human relations on which our descendants will live.
If we learn to build that relationship, we will be building the pillars of education that will libetare us from the ugly label of “3rd World”.
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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 12/05/2011
Alterado em 13/09/2011
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