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UMA LÁGRIMA A ROLAR
JB Xavier
Oh, meu Deus, porque tanto suponho
Serem minhas as ondas do mar,
Terei eu perecido em meu sonho,
Serei eu um grãozinho de areia
Que no mar gentilmente deponho
Esta lágrima triste a rolar?
Oh, meu Deus, porque a lágrima triste
Desce assim sobre as águas da praia
Quando sou uma luz que se espraia
Na certeza que em mim tanto insiste
De que todo o universo consiste
Neste olhar teu do qual nunca esqueço...
Oh, meu Deus, porque assim estremeço
Quando vem-me à memória o sorriso,
E era ela o meu paraíso,
Pelo qual eu viajava seguro,
Sem que nada pudesse assustar-me?
Hoje vou pelas sendas do escuro
Sem que possa a eu mesmo aceitar-me
Vou erguendo em mim mesmo o meu muro
Protegendo o meu pouco que resta
Sobre o qual ainda possa deitar-me...
Oh, meu Deus, nesta praia brincando
De que sou ainda muito feliz,
Vejo as ondas na areia quebrando
Rebrilhando num belo matiz,
Desfazendo-se logo que nascem...
Oh, meu Deus se essas ondas amassem
Neste amor que ainda sinto em meu peito,
O oceano seria mais belo
E o universo seria perfeito...
Oh meu Deus, sendo um grão pequenino
Nesta areia do cosmo que sou,
Sou um homem dentro de um menino,
Sou estrela apagada, tristonha
Que por ela sempre rebrilhou,
Hoje resta-me o que ela negou:
Meu amor inundando universos,
E a tristeza dançando em meus versos ,
Tristes versos que ela desprezou...
Oh, meu Deus, porque tanto suponho
Serem minhas as ondas do mar,
Terei eu perecido em meu sonho,
Serei eu um grãozinho de areia
Que entre tantos, sozinho permeia,
Que no mar gentilmente deponho
Esta lágrima triste a rolar?
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 13/10/2011
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