|
CULTURA UNIFICADA MUNDIAL
JB Xavier
Ainda se ouve o som dos sinos natalinos, e o gosto do champagne da virada de ano que a humanidade tanto desejou que fosse melhor que o anterior ainda está na boca e já vemos o quanto as coisas não mudaram.
No livro “O Leopardo”, Giuseppe Tomasi di Lampeduza escreve: “É preciso que as coisas mudem sempre para que permaneçam como sempre foram.”
Pois hoje, 02/01/2013, enquanto ainda tilintam os sinos do Natal, vem de Israel – justamente a terra de Jesus! – a notícia de que foi terminada a penúltima seção do muro que divide Israel e Egito. Diz a reportagem de Jeffrey Heller e Dan Williams: “Israel terminou o principal segmento da cerca de arame farpado ao longo de sua fronteira com o Egito nesta quarta-feira, uma barreira contra migrantes ilegais e militantes islamitas que se escondem na região sem lei do Sinai.
A cerca, de cinco metros de altura, incrementada por equipamento de vigilância militar, foi apregoada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como prova de seu compromisso com a segurança do Estado judeu enquanto ele faz campanha para a eleição nacional em 22 de janeiro.
Assim que a seção final de 14 quilômetros for completada dentro de três meses, a cerca vai se estender do porto de Eilat, no Mar Vermelho de Israel, até a Faixa de Gaza no Mediterrâneo.
Trinta e seis imigrantes cruzaram ilegalmente Israel no mês passado e foram detidos, em comparação com 2.153 que entraram há um ano, disse o gabinete de Netanyahu em comunicado.” "Assim como paramos completamente a infiltração nas cidades israelenses, vamos ser bem-sucedidos na próxima missão, a repatriação de dezenas de milhares de infiltrados já em Israel para seus próprios países", teria dito Netanyahu na cerimônia que marcou o término da construção desta parte.”
E eu pergunto: Por que Deus, em sua infinita sabedoria, limitou a inteligência humana, mas não limitou a estupidez? Uma das mais brilhantes mentes que Deus já criou – Albert Einstein – que aliás, era judeu, disse certa vez:
“As únicas duas coisas infinitas são o Universo e a estupidez humana, e da primeira não estou tão certo!
O que faz um governante de cabelos brancos como Benjamin Netanyahu, conhecido como “Bibi”, o atual primeiro ministro de Israel, com 63 anos, pensar que um muro pode dividir países? A diferença entre israelenses e palestinos é ideológica, e isso nenhum muro é capaz de derrubar. Como se pode viver tanto tempo e não ter aprendido o básico? Isto na terra de Abraão, Moisés, Jesus e Maomé! Será ele um estudioso deformado da Cabala que entendeu mal o conteúdo da decifração de algum sentido secreto da Bíblia em sua mais íntima teoria de um simbolismo dos números e das letras?
Seja o que for que o levou a construir um muro passando em torno e por dentro dos Territórios Palestinos Ocupados. O muro tem uma extensão aproximada de 760 km, e é conhecido como Green Line - Linha verde. A existência e o traçado do muro são contestados sob os aspectos políticos, humanitários e legais. O Tribunal Internacional de Justiça de Haia o declarou ilegal em 2004, pois a barreira corta terras palestinas e isola cerca de 450.000 pessoas. Israel não acatou o parecer da Corte Internacional, e a construção da barreira prossegue.
Ora! O que pensa este sexagenário senhor? Que 450.000 pessoas vão viver felizes e sem protestos eternamente? O que conseguiu a antiga União Soviética com o Muro de Berlin – ou “ O Muro da Vergonha” como ficou conhecido? Dor, ressentimentos, tragédias, dramas humanos, um país atrasado e defasado de um lado e outro desenvolvido e atualizado do outro. Além, é claro, da vergonha que são essas demonstrações de total ignorância sobre a verdadeira natureza humana.
É incrível que alguém, tenha tido a mesma ideia de cercar um país com um muro, dois mil anos depois dos chineses, quando o homem está prestes a pousar em Marte!
Na verdade, essa mentalidade retrógrada é a crista de uma onda muito maior de um enorme tsunami cultural.
Talibans assassinando; estupros na India; guerras em nome de Deus; miséria em 99% dos países; líderes espirituais que se auto intitulam “pastores” que não acreditam sequer no deus que pregam, e brincam com a boa fé dos ingênuos; líderes que se apaixonam pelo poder sem terem a mínima noção de perspectiva histórica, de que serão apenas uma vírgula nos livros de História – ou talvez nem isso; franco atiradores que matam inocentes sem nenhum drama de consciência por estarem matando crianças, velhos, inválidos ou qualquer outro inocente, e o pior! – sem estarem defendendo nenhuma causa!. Matam por matar! Vaidades exacerbadas ao extremo pela mídia, levadas pelo marketing de consumo às mais tenras idades das crianças; sites pornográficos explícitos e brutais, ao alcance de qualquer criança; classificação dos humanos como “vencedores” ou “perdedores”, levando-os às frustrações extremadas ou ao extremo delírio, como se não houvesse mais nada entre esses dois extremos; fabricantes e traficantes de drogas que se comportam como vírus, destruindo quem lhes dá o sustento, sem se comoverem por estarem corroendo o último pilar da sociedade – a dignidade humana; enganadores; vigaristas; médicos que abusam de pacientes; carcereiros que são sustentados por presidiários, juízes que se vendem; políticos corruptos até à medula, que não governam e que entram em campanha para o próximo pleito desde o primeiro dia em que assumem seus cargos; executivos que se comportam como imperadores ou vermes, ignorando simplesmente que cada um deles é um dos pés do tripé que mantém erguido o edifício da Democracia; empresários desonestos em todas as áreas – seja derrubando florestas que dariam ar a seus filhos e netos, seja fabricando produtos nocivos à saúde, com plena consciência do que fazem; pedofilia grassando em meio à maior instituição religiosa do mundo – a Igreja Católica Romana, sob o olhar beneplácito de quem deveria extirpar esse câncer; pessoas “honradas” que saem correndo de suas casas para pilhar a carga do caminhão que tombou na esquina, como se ela não tivesse dono; o mundo todo dançando o ritmo cavalgante do Gangnan Style, cujo vídeo no You Tube já passou do bilhão de acessos... E tudo isso tornou o mundo atual histriônico, bufão, mentiroso, e, acima de tudo, perigoso.
Num olhar panorâmico amplo, pode-se ver que as relações humanas estão sendo reinventadas, redesenhadas, por assim dizer por um fenômeno aparentemente fora do controle: A Superpopulação Mundial. Para saber mais sobre este assunto, leia isto.
Aliada à superpopulação, a comunicação em tempo real tornou a humanidade praticamente onisciente de tudo o que acontece no mundo. Essa massa de informação, antes restrita ao redor do indivíduo apenas, mistura conceitos comportamentais, aspirações financeiras, fascínio pelo sucesso imediato e a tola noção de que a escada da maturidade não possui degraus entre o primeiro e o último.
Essa massa de informações, cosmopolitas, contraditórias e heterogêneas, rompe culturas centenárias, abala alicerces comportamentais e leva as pessoas à um imediatismo nunca vivido até agora. Aos poucos vai se estabelecendo a noção de que o que não é imediato não vale a pena, de que é possível adquirir sabedoria em pacotes, cursos ou livros de auto ajuda, de que quem não participa das redes sociais por computadores está necessariamente à margem do mundo.
A televisão, que só se pode assistir a um canal por vez, pode nos informar apenas uma notícia de cada vez, mas no computador, pode-se ver um tsunami na indonésia em tempo real, ao mesmo tempo em que em outra janela assiste-se ao lançamento de um satélite, ou em mais uma vê-se o carnaval do Rio de Janeiro. E numa quarta janela bate-se papo com um amigo no outro lado do mundo.
Dos desenhos à escrita passaram-se centenas de séculos; da escrita à prensa de Gutemberg, outras centenas deles, e mais cinco séculos se passaram com o livro reinando absoluto como disseminador de informações. Então subitamente, em menos de 20 anos, pode-se saber tudo o que vai pelo mundo em questão de segundos!
É óbvio que a humanidade não estava preparada para isto! Tampouco me perguntem que cultura universal está em gestação, capaz de unificar o mundo sob um mesmo prisma cultural. Eu não saberia responder.
O que me parece evidente – basta olhar o cenário todo para ver – é que velhas culturas localizadas estão sendo rapidamente absorvidas por uma grande onda cultural universal, que como um tsunami, promete reduzir a escombros os antigos conceitos culturais. Isto parece já estar em curso. O que ainda não se pode prever, é o que acontecerá no momento em que este tsunami cultural refluir, ou, na hipótese de que não reflua, o que ocorrerá com os mais inalienáveis e contraditórios instintos humanos, como o individualismo, pela vaidade, e o senso gregário, pela proteção, por exemplo.
De qualquer forma, parece que as velhas culturas não cederão seu lugar à Cultura Unificada Mundial tão facilmente, como parece querer demonstrar Netanyahu e seu Muro da Cisjordânia. E Assim, enquanto ainda ouvimos os sinos do Natal e sentimos o gosto do champagne, “Bibi” segue com a construção. Faltam somente 14 quilômetros para sua conclusão.
Vai ver, ele não tem computador!
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 02/01/2013
Alterado em 03/01/2013
|
|