AINDA SOMOS UMA REPÚBLICA DAS BANANAS
REPÚBLICA DAS BANANAS
J.B.Xavier
A caserna brasileira está em festa. Ela pode finalmente aparecer na mídia mundial dando uma demonstração de que aqui também sabemos receber um Chefe de Estado dando-lhe toda a segurança que merece.
Pelo menos é o que se percebe do maior aparato de segurança jamais montado no país, para a visita de um chefe de Estado estrangeiro, na visita de George Bush.
Enquanto isso, para que tenhamos uma idéia do terceiro-mundismo brasileiro, basta dizer que enquanto montamos esse caríssimo mega aparato de segurança, a presença do Presidente da Alemanha no Brasil, Horst Köhler, passa completamente despercebida, inclusive pela grande mídia.
O Presidente alemão desloca-se na cidade por seus próprios meios, e ontem chegou duas horas atrasado a um encontro com empresários num clube da Chácara Santo Antônio, em São Paulo.
Ou seja, Brasília não só não colocou um mísero helicóptero para o translado pessoal do alemão, como sequer o informou dos transtornos da cidade com a visita do americano.
Isso não é só hilário, é ridículo,e de certa forma, também trágico, já que atitudes assim, determinam a mentalidade atrasada que ainda temos.
Não estamos falando de um país apagado e insignificante - que também mereceria igual respeito das autoridades brasileiras - mas da terceira maior economia do planeta, que tem no Brasil, o maior pólo industrial alemão fora da Alemanha!
Enquanto o ignorante George Bush passa por aqui como o imperador do mundo, num vendaval de protestos e violência, em direção aos países do Cone Sul, sendo recebido por outro presidente não menos ignorante das prioridades mundiais, Horst Köhler, acompanhado de trinta empresários alemães, visita Itaipu Binacional, Cataratas do Iguaçu, reune-se com empresários de São Paulo, e depois irá à Região Norte, onde se reunirá com o governador do Amazonas, de onde seguirá para Colômbia e outros países andinos.
Enquanto a visita do americano é calculadamente feita para recuperar prestígio, num momento em que Chaves se torna o novo imperador do continente, o alemão veio fechar negócios e tratar de meio ambiente.
Ambos são Chefes de Estado, que juntos, comandam quase metade da economia do planeta. Ainda assim, são tratados de maneira tão diferentes. Mesmo que - quando o Brasil pensou em desenvolver a energia atômica, há mais de trinta anos - os Estados Unidos tenham negado sua tecnologia, e a Alemanha a cedeu, dando origem às usinas de Angra 1 e 2.
Por essas e por outras é que continuaremos ainda por muito tempo sendo uma república das bananas, e tanto o chapéu de Carmem Miranda quanto a malandragem do Zé Carioca, continuarão sendo nosso símbolo ainda por muitas décadas.
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 09/03/2007