ATÉ QUE SE ESGOTE A ETERNIDADE
JB Xavier
Por quem choram os sinos da madrugada,
Companheiros de insônia
Nesta noite de vaga espera,
De assincronias e vagos desesperos?
Por quem são os pensamentos ternos
Que reverberam pelas paredes sombrias
De uma noite que não termina?
Oh assustador rio do Tempo
Que deságua no oceano das incertezas,
Por quem corres, assim, tão veloz,
E por quem pede o silêncio de minha voz
Nos estridentes caminhos de silêncios?
Cala-te noite! Que direito tens de me manter assim,
Flutuando entre o céu de esperas
E o oceano de expectativas,
Imobilizando-me numa noite assombrada
Onde meu coração grita a quietude de uma ausência?
Por quem deslizam as lágrimas
Esculpindo caminhos de prata em meu rosto sofrido,
Como se no cadinho da esperança
Deslizasse por minha face
O meu mais lindo diamante derretido?
Por que esse universo de estrelas
Pulveriza sobre mim o desgosto
De esperar, abraçando-me
Ao que ainda me resta de lembrança...
E os vincos do tempo vão marcando meu rosto,
Enquanto avança a madrugada
Zombando de minha vigília, onde busco um olhar...
Ah, zombarias! Ah noites assombradas,
Eu vararia milhões de madrugadas,
E mesmo respirando uma esperança desesperançada,
Esperarei por outras noites,
E ainda que os sinos dobrem em agonia,
Aguardarei a chegada da claridade,
E esperarei por mais um dia,
e ainda outro,
Até que se esgote a eternidade...
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 01/11/2013
Alterado em 01/11/2013