SE NÃO FORES TU
J.B.XAVIER

Se quando canta o dia a promessa de novas luzes,
Eu não cantar a ti, que restará de mim a ser cantado?
Se quando sopra o vento tuas carícias de esperança,
Eu não levantar o olhar para o horizonte, que restará para ser visto?

Se quando fala o coração à alma em confissões trêmulas,
Na emoção da própria descoberta, eu não ouvir a voz deste dizer,
Que restará ainda para ser ouvido?
Que restará mais para ser sentido?

Se quando o Universo me convida a viver a aventura maior,
Eu não segui-lo até os confins desse convite,
E não me deixar levar pela mão do Destino por esses doces caminhos,
Que caminhos restarão ainda a serem trilhados?

Se quando brilha o teu olhar em gentis promessas,
Eu não beijar os reflexos dessas doces oferendas,
Se quando retornas dos sonhos, fazendo-me realidade para ti
Eu não existir em tua alma, onde mais existirei nesta nossa vastidão?

Se quando recende tua essência na perfumada realidade que sonhamos,
Eu não aspirar esse perfume, que restará mais a ser sentido?
E se não fores tu a me insuflar nova vida e nova esperança,
Nada mais restará que valha a pena ser vivido...

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