UM NOVO DIA
JB Xavier
Cega-me o ruído, agitam-me as luzes
Rendem-se os silêncios, alternam-se hiatos,
Avançam sombras, permeiam-se os medos
Congelam-se sonhos recolhendo-se aos capuzes
Onde permanecerão em companhia de Tânatos,
Filho da Noite e de Hipnos, guardando seus segredos...
Oh! Enregeladas estepes de esperanças frágeis!
Oh! Fugidias asas da ternura e da meiguice!
Oh! Entristecidas comiserações angelicais!
Por que trocais as fugacidades ágeis
Pela desesperança longeva da velhice,
Pondo lúgubres uivos onde havia madrigais?
Atentai, amigas das trevas, e ouvireis
O lamento entristecido da esperança,
Adejando pelos acinzentados firmamentos...
Espalhando temores mesmo entre reis
Alinhavando tristezas onde havia bonança
Arrancando lágrimas dos pedestais dos sentimentos...
Pois levai então, minhas amigas traiçoeiras
As alegrias tristes, que eu as replantarei com a alegria!
Olvidai os hinos da eternidade! Eu os retocarei,
Até que o Tempo se curve cansado, agitando bandeiras
Ante a imortalidade do sonho; e diante da epifania,
Há de retornar a felicidade, e lá, então, eu cantarei!
Este será o retorno da luz sobre a treva,
A vitória do sol sobre a noite triste.
Atentai, pois, deidades da desarmonia,
E aprendei que é o amor que eleva,
E contra ele nada no universo resiste.
É o amor que me fará renascer num novo dia!
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 19/03/2018