MAGIA
JB Xavier
Paro assombrado ante a fortaleza da alma feminina,
Cujas motivações vertem de profundezas abissais.
E diante deste sanctum ajoelho-me em humilde reverência
Homenageando o lícor que se derrama dessa cornucópia farta
Em volúpia, constância, força, firmeza e amor...
Então banho-me nessa fonte revigorante que me remodela vontades,
E faz-me senhor de todos os meus instintos...
Abandono-me às irreconciliáveis contradições que me assolam a alma,
Nessa luta interminável entre o animal e o divino,
Ora rasgando com garras afiadas o fino tecido da existência,
Ora restaurando o equilíbrio que mantém a vida!
E nessas batalhas ensandecidas entre o céu e terra,
Paira o gesto aveludado da palavra que alicia enquanto instiga,
Do gesto restaurador, do toque suave da fêmea gentileza...
Recolho-me às quase inacessíveis montanhas de minhas contemplações,
Enquanto observo com que facilidade derretem-se os cadeados de minhas fortalezas
Ante o toque agradável, deleitoso e brando
De um simples sorriso cujo poder põe abaixo minhas muralhas...
Ah! Mulher! Com que sagrados óleos ungiram-te os deuses?
Com que condão misterioso, com que virtude especial foste batizada
No sagrado rio da proficiência em encantamentos e irresistíveis seduções?
Deito-me, enfim, entre gentis cetins, repousando o corpo cansado das batalhas,
Na recâmara perfumada por essências mágicas e divinais,
E mergulho no sono restaurador sob o toque hipnótico e cândido da magia.
Desfaço e reconstruo minhas torpes e elevadas intenções,
Enquanto esmoreço, vencido por mãos cuja delicadeza embriaga e desatina...
E quando enfim, desperto restaurado, para um novo dia,
Paro, assombrado, ante o poder da alma feminina!
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 18/03/2021