ÊXTASE
JB Xavier e Fernanda Gjuimarães
Vesti-me de ousadias,
Cobrindo-me com a insensatez dos nossos sonhos,
E sonhando, segui pelos caminhos iluminados,
Até que adormeci nos braços da eternidade,
Deixando meus rastros de saudade
Nas areias das veredas da tua ausência...
Numa agonia enfeitada de esperanças,
Segui até ao infinito, as trilhas do arco-íris,
Buscando na face acetinada do horizonte
As cores distantes, na aquarela dos teus olhos,
Onde habitam todas as minhas aventuras...
Colhi as rosas orvalhadas de amor,
Nas manhãs de primavera...
Fui paixão, fui sorriso, fui plena felicidade
Fui abraço, fui gemido em tua aconchegante alcova,
Onde me rendi à chama de tua paixão...
Deixei em ti todas as minhas auroras,
Abandonei-me à doçura dos teus ocasos
Porque em ti, tudo em vida se traduz,
E na escuridão de minha tristeza, vieste como luz
No amor, nos sonhos e na minhas tantas loucuras...
Vieste na voz do silêncio, de uma plácida manhã iluminada,
E te instalaste calmamente,
Fazendo de minha alma, tua morada...
Entreguei-me à tua sede ensandecida,
E fiz teus, todos os desejos meus,
Abraçando gestos emudecidos, em cada espera...
Amei-te! Amei-te! Deus, como te amei!
Imerso no orvalho de tuas pétalas intumescidas...
Na cadência de um sussurro irrefletido,
Na sensualidade de um beijo ou de um gemido,
Na ardência de todos os teus anseios...
Deixei-me vagar por tuas mãos,
E no arrepio do teu torso, fiz as trilhas
Que meus lábios percorreram em sofreguidão...
No veludo dos teus seios eriçados,
Deixei-me deslizar em viagens alucinantes,
Ouvindo o acalanto das batidas de teu coração...
Saciei-me em tua entrega, docemente,
E em teu abandono,
Fiz a morada de todos os meus desejos...
Na liberdade de um vôo solitário
Cruzei as fronteiras proibidas do teu prazer,
E no marulhar agoniado dos teus gemidos,
Banhei-me nas cascatas cristalinas dos teus suspiros...
Na calma profunda de tuas águas enluaradas,
Extasiado, mergulhei no perfume dos teus cabelos,
Onde fui atenções, carícias e desvelos...
Então, adormeci
Nos braços etéreos de uma sublime eternidade,
E em teu corpo extenuado, ainda ondulante...
Feliz, acalmei meus anjos e demônios,
Que uma vez mais me fizeram teu amante...
Meus olhos guardam-te em êxtases,
Que ainda explodem nos oceanos de meus beijos,
E gritam nas marés de silêncio das minhas saudades