NADA
JB Xavier
Somos os grandes cenários de um teatro vazio
Em imponência e em fragilidade...
E somos as próprias peças, em autenticidade.
Quem disse que o rugir dos leões demonstra ferocidade?
Somos as flores do campo,
Complexas em sua simplicidade.
Quem disse que o perfume do vento não deixa saudade?
Somos as águas da foz, corrompidas em sua pureza.
Somos a fonte que surge límpida na natureza.
Somos a brisa que passa rápida, sem se deter.
Somos o pólen que flutua em seu poder.
Somos o sonho da noite, que no dia seguinte se esquece.
Quem disse que o amor não é uma forma de prece?
Somos o olhar da criança, puro e inocente.
Somos o adulto que somos: incoerentes.
Somos a fagulha cintilante que brilha incandescente:
Por um instante são sóis,
Mas se apagam de repente.
Somos a realidade - clara e incontestável,
E somos a insanidade - vacilante e imponderável.
Somos a trilha antiga que um dia já foi estrada.
Somos fumaça ao vento...
Somos nada!